Em 2025, o Sul Global — incluindo regiões da América Latina, África, Sudeste Asiático e partes do Oriente Médio — se destaca como um foco de crescimento digital. Com a melhoria da infraestrutura de internet, aumento do uso de smartphones e o crescimento da classe média, esses mercados estão mais receptivos do que nunca às estratégias de marketing digital. No entanto, desbloquear esse potencial exige uma abordagem personalizada, alinhada aos comportamentos locais, idiomas e normas culturais.
Um dos principais desafios no Sul Global é a extrema diversidade em termos de conectividade, alfabetização e comportamento do consumidor. Por exemplo, enquanto a Nigéria e a Indonésia apresentam altos níveis de engajamento em redes sociais, áreas rurais da Etiópia ou Mianmar ainda enfrentam limitações com acesso à internet 3G. Essa disparidade exige estratégias flexíveis — os profissionais de marketing devem criar campanhas que funcionem tanto em smartphones quanto em celulares simples, além de considerar integrações offline quando necessário.
Outro aspecto importante é a variação linguística e nos hábitos de consumo de conteúdo. Países como a Índia são multilíngues, e campanhas digitais em idiomas regionais tendem a ter melhor desempenho do que aquelas em inglês. Formatos visuais como vídeos e infográficos são mais eficazes do que textos longos em regiões com taxas de alfabetização mais baixas. As marcas devem, portanto, priorizar narrativas visuais e adaptar suas mensagens localmente.
Por fim, infraestruturas de pagamento e confiança desempenham papel vital. Enquanto carteiras digitais como o M-Pesa são comuns na África Oriental, outras regiões ainda preferem pagamento na entrega. Estabelecer parcerias locais e oferecer métodos familiares de pagamento é essencial para impulsionar o engajamento e a conversão.
O design mobile-first não é apenas uma boa prática — é uma necessidade. A maioria dos usuários de internet no Sul Global acessa a web principalmente via smartphones. Portanto, sites, anúncios e conteúdos devem ser otimizados para telas pequenas e conexões lentas. Funcionalidades como clique para ligar, integração com WhatsApp e aplicativos leves ou PWAs devem ser priorizadas.
As redes sociais continuam sendo ferramentas poderosas de alcance digital. Facebook, Instagram e, cada vez mais, TikTok, dominam em diversos países. Parcerias com microinfluenciadores locais impulsionam o engajamento, trazendo autenticidade à mensagem da marca. Plataformas regionais como ShareChat na Índia ou Kwai na América Latina também devem ser consideradas.
Além disso, o conteúdo gerado pelo usuário (UGC) tem se mostrado uma alavanca eficaz. Campanhas que incentivam usuários a compartilhar suas experiências não só aumentam a visibilidade, como também constroem prova social — algo fundamental em ambientes digitais com baixo nível de confiança.
O sucesso no Sul Global depende profundamente da profundidade da localização. Traduzir o conteúdo do inglês não basta. A mensagem precisa refletir referências culturais, valores, humor e simbologia visual que ressoem com o público-alvo. Ferramentas com IA podem ajudar na base da localização, mas revisores humanos com expertise regional são indispensáveis para garantir qualidade final.
Além do idioma, os hábitos comportamentais e padrões sazonais variam significativamente. Por exemplo, o Ramadã em países de maioria muçulmana ou festivais agrícolas locais influenciam o comportamento de compra. Executar campanhas regionais alinhadas com esses eventos aumenta a relevância e a resposta do público.
Dados analíticos devem ser usados para segmentar corretamente os públicos. Em vez de tratar o Sul Global como um bloco homogêneo, campanhas microsegmentadas por idade, gênero, região e até tipo de dispositivo proporcionam maior eficiência e alcance.
Uma das estratégias menos exploradas em mercados emergentes é o marketing ágil — testar e ajustar campanhas em tempo real. Como a adoção digital é desigual, a mensuração constante permite identificar onde as mensagens funcionam melhor e fazer ajustes rápidos. Isso inclui testes A/B de imagens, formatos e chamadas para ação.
A medição de desempenho não deve se limitar a cliques ou impressões. Em regiões com poucas transações online, métricas como mensagens no WhatsApp, visitas físicas ou ligações telefônicas podem ser mais relevantes. Personalizar os KPIs com base no comportamento local gera avaliações mais precisas.
Além disso, os ciclos de feedback precisam ser curtos. Equipes locais ou parceiros regionais ajudam a coletar insights dos consumidores de forma ágil, permitindo ajustes dinâmicos. Essa capacidade de resposta reforça a confiança e melhora a reputação da marca.
Fazer marketing em economias em desenvolvimento traz a responsabilidade de contribuir positivamente com o ecossistema digital. Considerações éticas como transparência, respeito à privacidade e clareza nas mensagens publicitárias são indispensáveis. Esses princípios são ainda mais importantes em mercados com baixo nível de alfabetização digital.
Parcerias com ONGs locais ou plataformas educacionais podem ampliar os esforços de marca e gerar valor para a comunidade. Apoiar iniciativas de alfabetização digital ou campanhas de segurança online fortalece a imagem institucional e gera fidelidade de longo prazo.
A confiança também deve ser reforçada em todos os pontos de contato com o cliente — desde o texto do anúncio até o atendimento pós-venda. Oferecer suporte em idiomas locais, garantir meios de pagamento seguros e honrar políticas de devolução são sinais claros de confiabilidade. Marcas que investem nessas frentes colhem resultados sustentáveis.
Em muitos países do Sul Global, as regulamentações sobre dados, publicidade e conteúdo online estão em rápida evolução. Manter a conformidade exige assessoria jurídica local ou parceiros com conhecimento regional. Desconhecimento das normas pode resultar em proibições ou danos à reputação.
Parcerias público-privadas também oferecem oportunidades. Governos têm usado canais digitais para campanhas de conscientização — de saúde a educação — e marcas que apoiam esses esforços ganham visibilidade enquanto contribuem com o bem-estar social.
Por fim, compreender os planos nacionais de desenvolvimento digital — como o Digital India ou o Quênia Visão 2030 — permite às empresas alinharem suas estratégias com metas públicas, aumentando impacto e aceitação institucional.